segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Resenha: Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida


Eduardo Spohr já virou uma referência na literatura fantástica nacional, seu primeiro livro, “A Batalha do Apocalipse”(ABdA), é best-seller e a construção do universo que dá base ao argumento da história é inovadora e sólida. Ele conseguiu combinar várias mitologias e a transformou em uma. O fantástico foi dar coerência a essa salada de filosofias, crenças e religiões, seja ela oriental ou ocidental, contemporânea ou arcaica, em algo singular e que passasse veracidade ao leitor sem tomar partido de A ou B.

Como “A Batalha do Apocalipse” é um romance fechado e teoricamente não teria história para uma continuação, o autor resolveu explorar esse universo(spohrverso) tão rico(se não o fizesse seria uma judiação) e escreveu “Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida”, o primeiro livro de uma série. Possuiu 64 capítulos, que em sua maioria são pequenos, divididos em 4 partes.

You’re just too good to be true

can’t take my eyes off of you

You’d be like heaven to touch

I wanna hold you so much

At long last love has arrived

and I thank God I’m alive

You’re just too good to be true

can’t take my eyes off of you

Os primeiros questionamentos que vieram a minha mente foram: É parecido com ABdA? A história é um prequel de ABdA? Os personagens são os mesmos de ABdA?

Não. Não e Não. Apesar de estarem no mesmo universo a história é diferente, pelo menos em “Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida” não se tem nenhuma relação com ABdA e os personagens são outros, apesar de Ablon e outros serem citados de forma rápida, porém, sendo coerente com a narrativa e talvez para lembrar aos leitores que aquele é o mesmo universo.

Os protagonistas são Kaira e Denyel. Kaira é uma anja(da casta dos ishins) arconte do Arcanjo Gabriel, que perdeu suas memórias celestes e vive como mortal estudando na Universidade de Santa Helena, na cidade fictícia de Santa Helena, região serrana do Rio de Janeiro. Já Denyel é um anjo(da casta dos querubins) exilado e que servia ao Arcanjo Miguel.

Pardon the way that I stare,

there’s nothing else to compare

The sight of you leaves me weak

there are no words left to speak

But if you feel like I feel,

please let me know that it’s real

You’re just too good to be true,

can’t take my eyes off of you

Ainda temos Levih(da casta dos ofanins) e Urakin(da casta dos querubins) que são ordenados a resgatar Kaira e Zarion(da casta dos querubins), esse último, guardião da ishim que desapareceu junto com ela há cerca de dois anos em uma missão naquela região.

Levih e Urakin a princípio obtiveram sucesso na busca, no entanto, a arconte não se lembrara de sua vida celestial. O mistério envolvendo o motivo de não se recordar da sua história pregressa só aumentou quando a anja foi atacada na universidade por Yaga(da casta hashmalim) e Forcas(da casta dos querubins) que seguem as ordens do Arcanjo Miguel e estão sobe o comando do arconte Andril(da casta dos ishins). Na batalha a arconte é ferida.

A gravidade do ferimento e a impossibilidade de Kaira de se desmaterializar para evitar a morte levam Levih a tomar uma decisão questionável, pedir a ajuda do exilado Denyel que aparenta ser alguém que não se pode confiar. Esse fato desencadeou uma sequência de acontecimentos que os levaram em uma viagem pelo Brasil, exploraram vértices, encontraram deuses e se lançaram ao oceano, afim de completar a missão que lhe foi dada há dois anos atrás.

I love you baby and if it’s quite all right,

I need you baby to warm the lonely nights

I love you baby trust in me when I say

Oh pretty baby don’t bring me down I pray

Oh pretty baby now that I found you, stay

And let me love you baby, let me love you

Ao decorrer do livro o leitor toma o lugar de Kaira, pois como ela não se lembra de nada, seus questionamentos e dúvidas viram os questionamentos e dúvidas do leitor, isso não força a história e facilita e muito a narrativa.

Spohr gosta de “passear” pela história da humanidade e usa Denyel para “viajar no tempo” com capítulos que apresentam a vida do anjo na Haled(plano físico). E sem contar a narrativa do que acontecera com o Primeiro Anjo(antigo líder dos sentinelas) que a princípio não se encaixa na história principal, porém, ao fim do livro a ligação se mostra clara.

Um ou outro segredo que “A Batalha do Apocalipse” não explica ou deixa o leitor curioso é abordada em “Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida”, como por exemplo, o paradeiro do Arcanjo Rafael.

Algo curioso é o emprego da música “Can’t Take My Eyes Off You” de Frank Valli, que serve como um ponto comum na história.
You’re just too good to be true

can’t take my eyes off of you

You’d be like heaven to touch

I wanna hold you so much

At long last love has arrived

and I thank God I’m alive

You’re just too good to be true

can’t take my eyes off of you

Um dos grandes méritos do autor é o universo e isso é claro, no entanto, algo que me chama muito a atenção em sua narrativa é a forma como ele apresenta as descrições, elas nos colocam dentro da história e seja fictícia como Athea ou mesmo algo da nossa realidade, como aquele botequim de beira de estrada. Não são descrições cansativas e nem vagas o que dá muito dinamismo na leitura.

O balanceamento dos personagens é perfeito, as restrições das castas e dos ambientes que eles interagem dão o equilíbrio necessário para a história decorrer de forma fluída e sem nenhum exagero.

É rápido, divertido e não é vazio no conteúdo. Querendo ou não, Eduardo Spohr consegue colocar questões fundamentais e complexas de nossa vida e existência. Vida e Morte, Mortalidade e Eternidade, são questões que a humanidade desde seus primórdios tenta responder. E no fim, cabe o leitor a resposta definitiva.

Envolvente e de leitura agradável e rápida “Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida” é sem dúvidas um livro bem explorado dentro do universo criado pelo Spohr e que mesmo tendo sua história principal findada, ainda nos deixa uma ponta solta para o próximo romance nos instigando a curiosidade.

love you baby and if it’s quite all right,

I need you baby to warm the lonely night

I love you baby trust in me when I say

Oh pretty baby don’t bring me down I pray

Oh pretty baby now that I found you, stay

And let me love you baby, let me love you

Livro: Filhos do Éden – Herdeiros de Atlântida – Livro 1

Autor: Eduardo Spohr

Páginas: 473

Editora: Verus

Capa: Stephan Stoelting

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Resenha: O Hobbit

Publicado em 09/06/2011

Numa toca no chão vivia um hobbit…


Apresentar “O Hobbit ou Lá e de Volta Outra Vez”, livro de J.R.R. Tolkien é quase que heresia, pois um dos maiores romances do século passado que inspirou não somente o próprio Tolkien a desenvolver o “Universo da Terra Média”, mas também uma legião de novos romancistas influenciando o rumo da literatura mundial, despensa apresentações, no entanto tal formalidade é praxe.

“O Hobbit” começou a ser resenhado muito antes de ser publicado(21 de setembro de 1937), no final da década de 1920, o professor Tolkien em um papel branco e sem alguma explicação lógica simplesmente escreveu “Em um buraco no chão vivia um hobbit” quando corrigia provas na Faculdade de Pembroke, Oxford. Uma frase fora de contexto tomou proporções épicas tal como a vida do pequeno hobbit, Bilbo Bolseiro, protagonista da aventura.

O livro que notoriamente abriu a literatura fantástica para o mundo é dividido em dezenove capítulos que conta a aventura de treze anões(Dwalin, Balin, Kili, Fili, Dori, Nori, Ori, Oin, Gloin, Bifur, Bofur, Bombur e Thorin Escudo-de-Carvalho) e do hobbit Bilbo Bolseiro em busca do tesouro roubado dos anões pelo dragão Smaug.

Os hobbits não são criaturas aventureiras, muito pelo contrário, seres pequenos, de pés cabeludos e grandes preferem o conforto do lar. É tão incomum hobbits se aventurarem que os poucos que o fazem são tratados com estranheza pelos demais. Então, como Bilbo foi parar nessa aventura? Para tal tarefa, quase impossível, não poderia ter intermediário melhor, o mago Gandalf, articulador da peripécia.

Gandalf escolhera Bilbo para fazer parte da aventura, talvez por ser neto de seu amigo e saudoso Velho Tûk ou pela lenda que envolve a família, não sabemos ao certo. O que sabemos é que de alguma forma Bilbo aceitou(relutante, claro) o desafio e foi incorporado ao grupo no papel de ladrão.

E os anões são apresentados como seres mais frágeis do que em outras obras de Tolkien, talvez pelo livro ter sido a princípio escrito para o público infantil. Carrancudos, na maior parte do tempo mal-humorados, o grupo tem como líder Thorin Escudo-de-Carvalho. São eles em questão os maiores interessados em recuperar os tesouros em poder do dragão. Porém, no decorrer da aventura, são os menos que se esforçam, deixando o trabalho duro nas mãos de Bilbo. Como por exemplo, forçando o hobbit a entrar sozinho no túnel que levava a Smaug.

Da Vila dos Hobbits à Montanha Solitária(onde se encontra o dragão Smaug) o grupo passa por diversos cenários que são bem explorados pelo autor com pequenas aventuras. Nem todos os lugares são hostis, como Valfenda, onde o grande elfo Elrond os recebe muito bem. Em compensação, a maioria são provações, não é fácil escapar de aranhas gigantes, por exemplo.

O mago por diversas vezes se separa do grupo para combater o Necromante(Sauron) em Dol Guldur. Essa ausência deixava o restante do grupo desprotegido. O que de um lado era ruim, pelo outro as sumidas de Gandalf ajudaram Bilbo a crescer na história, ao tentar socorrer os amigos anões e ele próprio, o pequeno hobbit criava coragem, amadurecia e se tornava o verdadeiro dono da aventura. Foi ele quem livrou de forma brilhante os anões dos calabouços do rei dos elfos da floresta.

A interação de diversas raças e como cada uma vê a outra é extremamente interessante. Os homens do lago e sua relação comercial com os elfos da floresta apesar da desconfiança dos dois lados ou a estranheza de alguns por nunca terem visto um hobbit.

No fim, a aventura toma um caminho diferente do desenhado, somos surpreendidos por fatos inesperados o que só enriquece ainda mais a obra tirando a história da obviedade e com isso instigando ainda mais o leitor.

O mundo criado pelo autor é rico e no “O Hobbit” esse universo é bem explorado. Além da geografia bem trabalhada e nas descrições impecáveis aparece no livro grande parte dos seres que habitam aquelas terras: homens, elfos, anões, hobbits, orcs, trolls, dragão, grandes lobos selvagens, águias gigantes, aranhas monstruosas, etc.. E não podemos nos esquecer de Gollum e o “Advinhas no Escuro” que é o embrião do “O Senhor dos Anéis”, pois é nesta parte que Bilbo, por sorte(ou azar) encontra o anel tão famoso. Vale lembrar que a ideia do anel no “O Senhor dos Anéis” foi desenvolvida depois de o “O Hobbit” ser lançado por influência do editor de Tolkien, pois o mercado clamava por mais histórias de hobbits.

Sem-pernas ficou sobre uma perna,

duas-pernas sentou perto sobre três-pernas,

quatro-pernas conseguiu alguma coisa.

é a coisa que tudo devora

Feras, aves, plantas, flora.

Aço e ferro são sua comida,

E a dura pedra por ele moída,

Aos reis abate, a cidade arruina,

E a alta montanha faz pequenina.

Trecho do “Adivinhas no Escuro”

A leitura é mais dinâmica em comparação ao “Senhor dos Anéis” e por isso flui melhor. Tolkien conversa com o leitor, brinca com a cronologia dos acontecimentos, solta o resultado da aventura antes de narrá-la para depois explicá-la.

A construção bem feita entre mitologias anglo-saxônicas e nórdicas e o mundo muito bem sustentado na sua história/geografia/política já são elementos que prendem o leitor, porém, Tolkien nunca deixou de nos falar de sentimentos. Amizade, redenção, ódio, conflito, guerra, cobiça, desejo, amor, culpa, superação, coragem, traição, honra, enfim, sentimentos comuns a nós pobres mortais que torna a aventura fantástica mais humana e por isso ÉPICA.

Lá e de Volta Outra Vez… depois de uma cansativa aventura, não existe lugar melhor que nosso lar. O Hobbit é um senhor “BEM-VINDO” a Terra-Média.

“O mundo está dividido entre aqueles que já leram O Hobbit e o

Senhor dos Anéis e aqueles que ainda não leram.” The Sunday Times

Livro: O Hobbit

Autor: John Ronald Reuel Tolkien

Editora: Martins Fontes

sábado, 2 de setembro de 2023

Resenha: A Deusa no Labirinto

Publicado dia 24 de maio de 2021

NÃO CONTÉM SPOILER

Antes de começar quero dizer que sou um iniciante no universo do RPG Tormenta, universo este onde o romance aqui a ser resenhado é ambientado. Tormenta é um RPG nacional de maior sucesso e ano passado passou por uma reformulação em comemoração aos seus 20 anos. O projeto chamado Tormenta 20 arrecadou quase 2 milhões de reais no crondufinding.

Nesses 20 anos o universo de Tormenta não ficou restrito ao RPG, a expansão da rica história conta com HQ, antologias de contos e romances e dentro desse escopo está a A Deusa no Labirinto da autora Karen Soarele.

Karen Soarele já havia escrito nesse universo um romance A Joia da Alma e dois contos O Caminho das Fadas e A Última Noite em Lenórienn. Esse último conto li recentemente e foi o ponto de partida para conhecer mais o mundo de Arton.

A Última Noite em Lenórienn, A Joia da Alma e A Deusa no Labirinto estão ligados pelos personagens, mas não precisa ler uma obra para entender a outra, as histórias são fechadas em si apesar dos recorrentes personagens.

A Deusa no Labirinto conta a trajetória de Gwen, uma elfa clériga da deusa do Conhecimento Tanna-Toh, para libertar as raças escravizadas em Tapista, o império dos minotauros devotos de Tauron, deus da Força. Para tal feito, na capital táurica Tiberus, a elfa conta com a ajuda de seus amigos. O lefou Ichabod, o guerreiro humano Christian, a medusa Verônica, o goblin Dok e um grifo chamado Fuligem dão suporte a amiga em seu objetivo.

Paralelamente e de forma convergente, acompanhamos também alguns momentos da deusa menor Glórienn, deusa dos elfos que decaiu e virou escrava de Tauron.

A autora soube muito bem colocar as perspectivas de todos. Dá para entender, por exemplo, a perspectiva ideológica dos escravagistas minotauros sem que se perca a noção de que o ato de escravizar é abominável. É bem difícil equilibrar isso, mas a autora acertou o tom e deu mais profundidade aos personagens.

As descrições da arquitetura de Tiberus é outro ponto alto, ela não é maçante e acrescenta muito a história. A grandiosidade, exuberância e o gosto por labirintos não são apenas características da raça, mas também ajudam a compreender a mentalidade daquela sociedade taurina.

Karen Soarele consegue transmitir o sentimento da protagonista, as suas alegrias e dores, certezas e arrependimentos. Isso com “humanidade”, mas sem perder as características inerentes a raça dos elfos e de sua escolha de devoção a Tanna-Toh.

Escravismo, desigualdade e devoção cega são alguns temas sensíveis abordados no livro e não é de uma maneira forçosa, porém não é complacente. Os temas são tratados didaticamente de forma inteligente, pois o conhecimento, a maior arma da deusa Tanna-Toh, liberta. Nós precisamos ser lembrados que essas coisas fazem mal em qualquer lugar, mundo, realidade ou tempo.

É um livro que não só conta uma história pessoal e pontual, mas também explica as mudanças no mundo de Arton na Tormenta 20. Qualidades não faltam, não é por acaso que o livro foi finalista do Prêmio Jabuti, maior prêmio literário do país.

Será que Gwen teve êxito em sua jornada? Quer saber o que aconteceu com a deusa menor Glórienn? Entender mais a dinâmica dos deuses? Não deixe de ler A Deusa no Labirinto.

Título: A Deusa no Labirinto

Autora: Karen Soarele

Páginas: 512

Editora: Jambo Editora

Compre Aqui

Review de One Piece a Série

 SEM SPOILER



Não era fácil! Mas a equipe da série de One Piece, junto do mestre Eiichiro Oda, fez parecer molezinha. Eles nos entregaram o que parecia impossível, um live action respeitável do melhor e maior mangá/anime da história (na minha opinião rs).

Tirando o gosto pessoal, One Piece é, sem sombras de dúvidas, um marco na história da cultura do entretenimento. Além de estar há 26 anos no mercado, é o detentor do recorde de cópias vendidas, fora a imensa audiência do anime e as bilheterias dos filmes.

Nesse caminho vitorioso percorrido por Oda, a princípio, não pensou em transformar sua obra em live action, mas depois de perceber que a tecnologia tinha evoluído, começou a correr atrás de uma parceria para realizar esse feito.

Em 2017, o criador de Luffy anunciou ao mundo que a produção de uma adaptação estava começando. A Tomorrow Studios comprou os direitos da adaptação, os produtores e roteiristas Matt Owens e Steven Maeda entraram no projeto e, em 2020, a Netflix abraçou o mundo de One Piece.

Foram no mínimo seis anos para a primeira temporada chegar a nós, e esse tempo era preciso, pois como disse no começo desse texto, não era fácil adaptar. Além de ter uma história complexa e rica em detalhes, transferir para um mundo de carne e osso o traço caricato do mangá e suas geniais loucuras parecia quase impossível.

Por exemplo, imagina o trabalho para deixar crível um homem com um nariz inchado e vermelho que se caracteriza de palhaço para amenizar essa condição física, consegue separar partes do corpo e usa essa habilidade para lutar. Bem, isso era um dos inúmeros desafios da produção e eles conseguiram.

Outra dificuldade era condensar sem perder a essência da história 95 capítulos do mangá ou 44 episódios do anime em oito episódios. Foram 56 minutos em média para cada episódio e todos eles, além de aprofundarem nos personagens principais, fizeram a história progredir de forma gradual e constante, nos apresentando esse mundo maravilhoso.

Infelizmente, muitas coisas do conteúdo original ficaram de fora, e isso era esperado. Não dá para colocar tudo no live action. Personagens e eventos foram cortados, uns modificados e outros apareceram antes do esperado. Adaptação é isso, e as escolhas foram pertinentes. Não prejudicaram a história e mantiveram a essência do que o Oda quis nos transmitir quando desenhou.

Um ponto importante é o tom da adaptação. Nos traços de um desenho, a liberdade para piadas e situações engraçadas é maior. Em um live action que quer não apenas adentrar em um nicho já consolidado, a produção precisou se adequar para não virar uma galhofa. A série tem muito humor, mas não é tão exagerado e casou muito bem com narrativa.

Alguns personagens tiveram sua personalidade ajustada. Os protagonistas, por exemplo: Luffy no mangá/anime aparenta ser mais alheio a discussões em seu entorno, isso não funcionaria na adaptação que é curta e tem tom de urgência. Zoro na série é um pouco mais mal-humorado e isso ajuda na dinâmica dele com o grupo, principalmente com a Nami. Usopp e Sanji, o medroso e o mulherengo, não perdem suas essências, mas é atenuada para não cair em uma caricatura e desumanizá-los. E a Nami está bem mais porradeira no live action.

Todo o elenco é excelente, as caracterizações estão boas, os atores estão entregando demais e a química dos protagonistas está perfeita.

Um ponto que pode melhorar são as batalhas. No geral não é um ruim, as lutas do Zoro, Sanji e da Nami são boas. O problema é o estilo de combate do Luffy, sei que é o mais difícil por questões tecnológicas, mas precisam ser mais dinâmicas, ter mais movimentos, afinal, um ser de borracha tem que ter mais gingado.

One Piece é uma história de companheirismo, superação, liberdade, amor, igualdade, tolerância, enfim, uma carta do Oda a favor da diversidade e tudo isso encapsulado em ação, comédia, drama, mistério, romance, terror, ficção científica, e etc. É uma obra completa que com essa adaptação tem tudo para arrebatar novos fãs.

Que na próxima temporada (oremos para acontecer) o nível melhore ainda mais. A tormenta já passou e a bonança está propicia para navegar ainda mais para longe do lugar de conforto. Espero que em um futuro próximo também surjam adaptações de outros mangás que possam aproveitar essa corrente marítima proporcionada por One Piece e zarpem o destino do sucesso.

Até a Grand Line, nakama!