sábado, 2 de setembro de 2023

Resenha: A Deusa no Labirinto

Publicado dia 24 de maio de 2021

NÃO CONTÉM SPOILER

Antes de começar quero dizer que sou um iniciante no universo do RPG Tormenta, universo este onde o romance aqui a ser resenhado é ambientado. Tormenta é um RPG nacional de maior sucesso e ano passado passou por uma reformulação em comemoração aos seus 20 anos. O projeto chamado Tormenta 20 arrecadou quase 2 milhões de reais no crondufinding.

Nesses 20 anos o universo de Tormenta não ficou restrito ao RPG, a expansão da rica história conta com HQ, antologias de contos e romances e dentro desse escopo está a A Deusa no Labirinto da autora Karen Soarele.

Karen Soarele já havia escrito nesse universo um romance A Joia da Alma e dois contos O Caminho das Fadas e A Última Noite em Lenórienn. Esse último conto li recentemente e foi o ponto de partida para conhecer mais o mundo de Arton.

A Última Noite em Lenórienn, A Joia da Alma e A Deusa no Labirinto estão ligados pelos personagens, mas não precisa ler uma obra para entender a outra, as histórias são fechadas em si apesar dos recorrentes personagens.

A Deusa no Labirinto conta a trajetória de Gwen, uma elfa clériga da deusa do Conhecimento Tanna-Toh, para libertar as raças escravizadas em Tapista, o império dos minotauros devotos de Tauron, deus da Força. Para tal feito, na capital táurica Tiberus, a elfa conta com a ajuda de seus amigos. O lefou Ichabod, o guerreiro humano Christian, a medusa Verônica, o goblin Dok e um grifo chamado Fuligem dão suporte a amiga em seu objetivo.

Paralelamente e de forma convergente, acompanhamos também alguns momentos da deusa menor Glórienn, deusa dos elfos que decaiu e virou escrava de Tauron.

A autora soube muito bem colocar as perspectivas de todos. Dá para entender, por exemplo, a perspectiva ideológica dos escravagistas minotauros sem que se perca a noção de que o ato de escravizar é abominável. É bem difícil equilibrar isso, mas a autora acertou o tom e deu mais profundidade aos personagens.

As descrições da arquitetura de Tiberus é outro ponto alto, ela não é maçante e acrescenta muito a história. A grandiosidade, exuberância e o gosto por labirintos não são apenas características da raça, mas também ajudam a compreender a mentalidade daquela sociedade taurina.

Karen Soarele consegue transmitir o sentimento da protagonista, as suas alegrias e dores, certezas e arrependimentos. Isso com “humanidade”, mas sem perder as características inerentes a raça dos elfos e de sua escolha de devoção a Tanna-Toh.

Escravismo, desigualdade e devoção cega são alguns temas sensíveis abordados no livro e não é de uma maneira forçosa, porém não é complacente. Os temas são tratados didaticamente de forma inteligente, pois o conhecimento, a maior arma da deusa Tanna-Toh, liberta. Nós precisamos ser lembrados que essas coisas fazem mal em qualquer lugar, mundo, realidade ou tempo.

É um livro que não só conta uma história pessoal e pontual, mas também explica as mudanças no mundo de Arton na Tormenta 20. Qualidades não faltam, não é por acaso que o livro foi finalista do Prêmio Jabuti, maior prêmio literário do país.

Será que Gwen teve êxito em sua jornada? Quer saber o que aconteceu com a deusa menor Glórienn? Entender mais a dinâmica dos deuses? Não deixe de ler A Deusa no Labirinto.

Título: A Deusa no Labirinto

Autora: Karen Soarele

Páginas: 512

Editora: Jambo Editora

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